(continuação)
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Ainda revoltado com a
interceptação telefônica, fui avisado, também, de que no teto do meu gabinete
poderia ter sido instalado um sistema de “escuta ambiental”. Confesso que não
acreditei, pensando que fosse coisa de neurótico, como são todos os que lidam
com a segurança; mas, infelizmente, era verdade.
Quando
providenciei alguém da minha confiança para fazer a varredura no meu gabinete, fiquei
estupefato, e me recusei a crer no que os meus olhos viam. Os servidores do meu
gabinete, mais próximos de mim, que acompanharam a varredura, ficaram,
igualmente, atônitos. Fato é que estávamos diante de um fato surrealista, em
que o gabinete de um desembargador, vice-presidente de um Tribunal Regional
Federal, estava tomado por um sistema de escuta ambiental; aliás, diga-se de
passagem, da pior qualidade, que prejudica inclusive ao próprio grampeado, pela
má qualidade da recepção. Pedi aos varredores que tirassem algumas fotos do que
fosse possível fotografar, e fui pensar nas providências que deveria tomar a respeito.
Assim que descobri os
grampos, conversei com alguns colegas, como os desembargadores federais Vera
Lúcia Lima, Paulo Barata e Ricardo Regueira, mostrando-lhes o que eu havia
descoberto no teto do meu gabinete, alertando-os de que os seus poderiam estar
também grampeados; ocasião em que lhes pedi sigilo sobre a descoberta porque,
até então, não sabia a quem atribuir a responsabilidade.
De uma coisa eu tinha
certeza: o então presidente, desembargador Frederico Gueiros sabia do grampo,
porque seria inadmissível que a Polícia Federal, com autorização ou sem ela,
adentrasse o Tribunal, e o meu gabinete sem que o presidente do Tribunal o soubesse.
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(continua na próxima semana)
Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com.br, www.estantevirtual.com.br, www.bondfaro.com.br, na Livraria La Selva (nos Aeroportos) e nas livrarias de todo o País.
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