domingo, 14 de outubro de 2012

UM JUIZ QUE NÃO SE DOBROU


 Editor: Pedro Dutra (advogado)

((continuação)

"O julgamento desse habeas corpus é um dos momentos mais nobres da advocacia e um dos mais baixos do Judiciário no Brasil.
Floriano fez chegar aos magistrados a pergunta rude e sinistra, se eles imaginavam quem a eles daria habeas corpus no dia seguinte à decisão proferida ao pedido patrocinado por Rui.
 O Supremo acovardou-se. E os habeas corpus foram negados. Mas houve um juiz que não se dobrou, e concedeu a ordem de habeas corpus: Rui não regateou, pela imprensa, a homenagem devida a Piza e Almeida, vendo "naquele homem modesto ... a inquebrantabilidade da coragem moral': E fulminou os demais juízes do Supremo, ajoelhados ao poder presidencial: "Medo, venalidade, paixão partidária, respeito pessoal, subserviência, espírito conservador, interpretação restritiva, razão de Estado, interesse supremo, como quer que te chames, prevaricação judiciária, não escaparás ao ferrete de Pilatos! O bom ladrão salvou-se. Mas não há salvação para o juiz covarde."
O sóbrio juiz Celso de Mello reverenciou a linhagem de Piza e Almeida ao citar Rui. E exemplo, vivo e atual, desse grande advogado permite ao Brasil hoje distinguir, e reafirmar sua escolha, entre duas repúblicas: ou a de Floriano Peixoto, ou a de Rui Barbosa."
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Poucos operadores do direito, neste País, inclusive nos tribunais, sabem quem foi esse exemplar magistrado, Piza e Almeida, que concedeu a ordem de "habeas corpus" impetrada por Rui Barbosa, num momento em que o resto do Supremo Tribunal Federal acovardou-se. 

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