(continuação)
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PERGUNTA: Por que o senhor se envolveu numa
briga de bandidos?
RESPOSTA: Corretamente falando, não me
envolvi "numa briga de bandidos", porque o juiz cível, como eu, tem
que dar as suas decisões independentemente das qualidades morais do
jurisdicionado, de modo que se uma pessoa tida como marginal tiver um direito cível, cumpre ao juiz cível reconhecê-lo, e se uma pessoa virtuosa
não tiver, cumpre ao juiz cível não concedê-lo. Ademais, vou repetir: no caso
das minhas decisões, o que se discutia era se as casas de bingo, QUE
FUNCIONAVAM COM LIMINARES DADAS POR OUTROS DESEMBARGADORES DO TRF-2, podiam ou
não ter as suas máquinas eletrônicas apreendidas abruptamente pela Polícia
Federal. E no exame dessa questão, não se tratava de briga de bandidos, mas de
uma questão cível de saber sobre se a Polícia Federal e o Ministério Público
poderiam realmente fazer o que fizeram. A bandidagem e a virtuosidade é coisa
do juízo penal, e esta não era a questão que estava em discussão. Para ser sincero, eu nem sabia que casas de
bingo eram geridas por bicheiros, e muitos ministros, com os quais ainda tenho
relações, a quem perguntei isso, me responderam que também não sabiam.
Ademais, a minha decisão, para liberar as
máquinas eletrônicas, pela qual fui crucificado em vida, com o apoio da própria
justiça (STF), não foi a primeira decisão neste sentido dada pelo TFR-2, pois,
anteriormente, o próprio Tribunal já tinha feito a mesma coisa, mandando
liberar as máquinas apreendidas, ficando uma de cada tipo para ser periciada, e
ver se realmente tinha peças importadas ilegalmente como afirmava o Ministério
Público Federal; mas também aqui nada aconteceu porque o relator desse caso não
era candidato a presidente do Tribunal. Neste País, até o fato de seguir um
precedente do Tribunal vira crime de suborno.
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(continua na próxima semana)
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