(continuação)
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"Nunca
pensei que o destino me permitisse um dia consolar aquele jovem delegado
federal, que querendo ser eficiente na sua atividade policial, inclusive
resistindo ao cumprimento de ordem judicial por entendê-la contrária ao
interesse público, via a sua carreira desmoronar como um castelo de cartas,
pois mesmo se absolvido da acusação, o fato de ter respondido a um processo
punha a perder todo o seu futuro.
A grande preocupação do
delegado federal Carlos Pereira, quando pensava na sua carreira e na família,
era o seu filho, ainda de tenra idade, de quem era ele o ídolo e o grande herói;
e só de pensar no que deveria dizer ao filho, quando retornasse para casa, o
apavorava; e o durão delegado federal chorou
copiosamente.
O destino revelou, nesse
momento, a sua face contraditoriamente irônica, pois eu, que havia proferido
decisões para a liberação de máquinas caça-níqueis, buscava consolar justo o
delegado federal que as apreendera, e fizera surgir os primeiros ventos do
furacão que viria nos atingir a todos nós de forma tão impiedosa e cruel.
Eu que pensava saber odiar,
como penso que ainda sei, mais não fiz naquele momento do que consolar aquele
que pensava ter sido a causa do meu calvário; mas que tinha ele próprio sido
vítima do próprio veneno ministrado pela sua própria instituição."
(continua na próxima semana)
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