segunda-feira, 20 de agosto de 2012

UM JUIZ NO PARLATÓRIO DA POLÍCIA FEDERAL


(continuação)
"A minha irmã Maria Helena, juíza federal em Minas Gerais, esteve em Brasília, mas não pôde me visitar porque não era dia de visitas, e os agentes federais eram irredutíveis na aplicação do seu “regulamento”, e o que valia para um familiar valia também para uma juíza.
Nesse particular, um advogado tem mais regalias do que um juiz, porque ele se avista com o seu cliente no dia e hora em que quiser, o que não acontece com um magistrado, que para esse fim é considerado como se fosse visita.
Para quem está custodiado, a visita de um parente ou amigo é algo que alivia o sofrimento, reforçando a nossa crença de que não estamos sozinhos na adversidade; principalmente, considerando que nas circunstâncias em que fui preso com o show pirotécnico armado pela Rede Globo, o efeito colateral foi fazer desaparecer a maioria dos que eu supunha amigos.
Aliás, fenômenos como este tem o efeito profilático de nos afastar dos falsos amigos, aqueles que nos cortejam por amor ao próprio interesse, mantendo ao nosso lado apenas os amigos verdadeiros.
 O amigo mesmo é aquele que está do nosso lado, para, depois, saber o por quê, porque os demais são interesseiros."
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com.br e na Livraria La Selva (nos Aeroportos). 

NOTA - Para quem não sabe, o Parlatório é aquele local onde o preso conversa com seu advogado, pelo telefone, separados por um vidro de grossa espessura.

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