(continuação)
"A minha irmã Maria Helena, juíza federal em Minas Gerais, esteve em Brasília, mas não pôde me visitar porque não era dia de visitas, e os agentes federais eram irredutíveis na aplicação do seu “regulamento”, e o que valia para um familiar valia também para uma juíza.
Nesse particular, um advogado tem mais regalias do que um juiz, porque ele se avista com o seu cliente no dia e hora em que quiser, o que não acontece com um magistrado, que para esse fim é considerado como se fosse visita.
Para quem está custodiado, a visita de um parente ou amigo é algo que alivia o sofrimento, reforçando a nossa crença de que não estamos sozinhos na adversidade; principalmente, considerando que nas circunstâncias em que fui preso com o show pirotécnico armado pela Rede Globo, o efeito colateral foi fazer desaparecer a maioria dos que eu supunha amigos.
Aliás, fenômenos como este tem o efeito profilático de nos afastar dos falsos amigos, aqueles que nos cortejam por amor ao próprio interesse, mantendo ao nosso lado apenas os amigos verdadeiros.
O amigo mesmo é aquele que está do nosso lado, para, depois, saber o por quê, porque os demais são interesseiros."
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com.br e na Livraria La Selva (nos Aeroportos).
NOTA - Para quem não sabe, o Parlatório é aquele local onde o preso conversa com seu advogado, pelo telefone, separados por um vidro de grossa espessura.
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