(continuação)
"O meu irmão me disse, nessa
ocasião, que a voz captada na escuta e divulgada pela Rede Globo era realmente
minha, e não duvidei dele, porque a minha voz é inconfundível; mas a minha
consciência estava tão tranquila que eu disse a ele: “Bonifácio! Pode até ser a
minha voz; mas não tem nada tem a ver com ‘propina’, porque isso nunca existiu”.
A partir dessa conversa com
meu irmão, passei a desconfiar que a parte malsã da Polícia Federal tivesse
realmente me “aprontado alguma”, embora eu não soubesse o que era; pois para me
certificar tinha, antes, de ouvir o disco com a gravação.
Mas, aquilo ficou na minha
cabeça, martelando, em busca de uma resposta que não vinha, pois eu não tinha a
mínima lembrança de haver conversado com o meu genro sobre dinheiro; ou que conversa
teria sido essa; e em que circunstâncias teria ocorrido; o que só seria
desvendado depois que fui posto em liberdade.
Além do meu irmão Bonifácio,
recebi algumas visitas que me deixaram muito emocionado, desde meus ex-alunos
do tempo em que lecionei numa Faculdade de Direito em Brasília até altas
personalidades do mundo jurídico; mas nenhum em nome da Ordem dos Advogados do
Brasil ou da Associação dos Magistrados Brasileiros ou da Associação Nacional
de Desembargadores."
(continua na próxima semana)
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com, em www.estantevirtual.com.br e na Livraria La Selva (nos aeroportos).
NOTA: Para quem não sabe, o Parlatório é aquele local onde o preso conversa com seu advogado, pelo telefone, separado por um vidro de grossa espessura.
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