(continuação)
"Quando a Rede Globo de Televisão se incumbiu de desrespeitar o “segredo
de justiça” imposto às diligências da Polícia Federal, na operação Hurricane, não creio que soubesse que aquele
desembargador que ela expunha à execração pública, sem culpa formada,
divulgando os vazamentos repassados pela Polícia Federal, fosse o mesmo
desembargador que, no passado, revertera a sentença contra ela que a havia
condenado a restituir à Caixa mais de trinta e um bilhões de cruzeiros, moeda
de 1991, que convertida em reais ou em dólares daria igualmente alguns bilhões
nessas duas moedas.
Será que um desembargador como eu, que tinha em minhas mãos um processo
com sentença condenatória da Rede Globo em bilhões
de cruzeiros, a depender do meu voto para ser confirmada ou não, se prestaria a
se corromper pela quantia de um milhão de reais por conta de uma liminar,
temporal e provisória, em favor de casas que exploram bingo?
Não digo que o meu voto fosse decisivo, mas a realidade é que nos
tribunais, o voto do relator tem um enorme peso, para que um recurso seja
acolhido ou denegado, e os meus votos quase sempre foram seguidos pelos demais
desembargadores do Tribunal.
Aliás, explorar por explorar, a Rede Globo de Televisão é mestra na exploração da opinião pública, o que
ela faz como ninguém, pelo que, se eu fosse dado à prática da corrupção como
ela ajudou a divulgar, por certo teria sido ela própria a melhor “vítima” que
tive nas mãos durante toda a minha carreira de juiz, numa demanda bilionária."
(continua na próxima semana)
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com.br e em www.bondfaro.com.br
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