domingo, 26 de fevereiro de 2012

DEPOIMENTO PRESTADO POR CARREIRA ALVIM, MAS QUE O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA NÃO LEU.

(continuação)    
     Neste ponto, às vezes, eu fico me questionando. Eu falo assim: "CARREIRA, você não é para estar neste mundo não". Doutor ABEL, eu não poderia estar na Presidência deste Tribunal, porque eu não deixaria grampear um Colega nosso, pela minha própria felicidade. Eu diria assim: "Ministro, eu grampeio". O senhor pode fazer todas as interceptações que o senhor quiser, mas grampear o nosso Tribunal, o senhor não grampeia.
     Eu não deixaria, mas, com o consentimento dele -- isso é problema de alma dele, cada um tem uma alma diferente -- fizeram o grampo. E o REGUEIRA mandou que eu comunicasse a ele [desembargador Frederico Gueiros], e eu também, providencialmente, falei assim: "Não REGUEIRA. Não vou comunicar n. Eu vou fazer outra coisa".
     Agora, eu já posso adiantar um pouco, porque eu sei que essa pergunta deve aparecer, deve estar aí.
     Eu digo, doutor ABEL, que, voltando eu para este Tribunal, todos os nossos colegas, quando me olharem no rosto, alguns terão coragem de olhar, outros não, porque ficamos sabendo da vida de todo mundo. As pessoas vêm trazer documento que prova isso contra o Fulano, que prova isso contra Beltrano, e os que não têm ainda vêm para dizer assim: "Vossa Excelência falou em viagem. Quem deu aquela viagem para Fulano fui eu, CARREIRA". Mas como é que eu vou por isso no papel? Dei duas. Como eu vou escrever isso e assinar para você? Advogado, nesse ponto, às vezes, quando há um fato desse e quer mostrar solidariedade com você, em vez de mostrar solidariedade, vem dedurar as pessoas.
     Há advogados e advogados. Não é verdade? Aqui nós temos muitos que estavam envolvidos nisso e, se realmente estavam envolvidos naquelas conversas, tipo a do Sergio Luzio, que vamor ler, nesse caso, não são profissionais: são realmente bandidos. Porque quem fala que Desembargador está querendo dinheiro para dar uma decisão, que foi um dos casos que aconteceram aqui, é porque não merece estar integrando a laboriosa classe dos advogados.
     Conversamos sobre esse assunto. Aí, como eu tinha recebido de um servidor deste Tribunal a Folha de São Paulo -- estava em cima da minha mesa -- que publicou aquela história relativa ao FERNANDO MARQUES e tinha recebido dos alunos da Faculdade de Direito o documento de que o CASTRO AGUIAR teria colocado o filho na Faculdade sem vestibular, algo que não seria legal. "Está bom, ja que estamos fazendo essa montagem contra mim", peguei um avião, chamei o Júnior e disse: "Júnior, vamos a Brasília". Fui, entrei no Gabinete de PADUA RIBEIRO, que era o Corregedor. Falei assim: Ministro, vim trazer isso aqui que está acontecendo no nosso Tribunal. As pessoas me encaminharam, mas o corregedor é Vossa Excelência, não sou eu". Ele, então falou: "Você vai fazer o seguinte: faça uma representação por escrito e me encaminhe que vou adotar as providências." Eu pensei assim: colocar no papel e dedurar um colega nosso a respeito de assuntos internos do nosso Tribunal..." Eu dei ciência a ele. Se tivesse querido tomar alguma providência, ele teria tomado, mandaria instaurar (um inquérito).
     Nesse caso aqui, por onde ele ficou sabendo? Foi ele que mandou. Ele ficou sabendo pela imprensa. Sabendo pela imprensa, ele mandou instaurar um procedimento contra nós. Por que ele não mandou instaurar um procedimento para ver o que estava acontecendo em relação àquelas provas?
     Sabe o que aconteceu? Voltei, coloquei aquilo dentro de um envelope e deixei lá. E pensei assim: "Eu não vou servir de intermediário nessa coisa. Já dei ciência, não quer tomar (providência)". Um outro ministro, que é meu amigo, disse-me assim: "CARREIRA, não faça isso, porque, se você fizer, eles vão pensar que você está com despeito de que não foi escolhido para a presidência do Tribunal. Então, não faça isso."
     Então, isso passou.

(continua na próxima semana)

Um comentário:

  1. Desembargador Carreira Alvim, o senhor é um grande herói e um verdadeiro vencedor. Admiro seu trabalho. Agradeço pela sua atitude, pois acredito que o povo tem o direito de saber o que aconteceu e o que acontece. Pode ter certeza que tem muita gente que te respeita como um maravilhoso profissional na área do Direito e da justiça. Parabéns! Continua divulgado tudo o que acontece em seu blog, palestras, rádios entre outros. Essa injustiça não pode ser esquecida. Estarei sempre ao seu lado!

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