domingo, 26 de fevereiro de 2012

MONTAGEM DE UMA FARSA

(continuação)
Nessa ocasião, conversando pessoalmente com Silvério Júnior, disse-lhe que teríamos de “desconvidar” um dos ministros, porque não tínhamos dinheiro para pagar a sua passagem, embora tivéssemos para pagar a sua estada em Buenos Aires, ou vice-versa, pagar a passagem, mas não a estada.
Silvério Júnior me ouviu calado, e, no dia seguinte, em conversa comigo –, já que moramos bem próximos na mesma avenida, e passo na casa da minha filha Luciana, com a qual é casado, com muita frequência – perguntou-se se ele poderia conseguir o patrocínio para o ministro, para evitar o meu constrangimento de “desconvidá-lo”. Foi aí que eu disse a ele que poderia tentar, e, se conseguisse, o convite seria mantido; e me lembro de que ele disse também que iria ver se o próprio IPEJ tinha condições de arcar com esse patrocínio.
Como havíamos convidado dois ministros do Superior Tribunal de Justiça, Gilson Dipp e Peçanha Martins, o desconvidado seria, infelizmente, este último, apesar de ser, então, o vice-presidente daquela corte, porque o ministro Gilson Dipp, por indicação do próprio ministro Peçanha, Martins havia sido convidado para falar sobre “Lavagem de dinheiro”, assunto no qual era um especialista.
O ministro Gilson Dipp, além de ministro do Superior Tribunal de Justiça, é também conselheiro do Conselho Nacional de Justiça, e, na qualidade de corregedor, foi o relator do processo que me aposentou compulsoriamente, apesar de este Conselho ser incompetente, conforme reiteradas decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal; porquanto, nos termos da Constituição, qualquer juiz, por qualquer motivo, só pode ser aposentado compulsoriamente em virtude de condenação judicial por sentença penal transitada em julgado; e as decisões do Conselho tem natureza apenas administrativa. 
(continua na próxima semana) 

(Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável na Livraria Saraiva e no www.bondfaro.com.br)

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