"Em todo acontecimento tem alguém que se destaca, e no Tribunal não havia
alguém que se destacava no seu relacionamento com as pessoas mais que o
desembargador Ricardo Regueira, que não era apenas um magistrado, mas
verdadeiro “fazedor de justiça” dos mais justos que já conheci.
Aonde quer chegasse, o desembargador se transformava no centro das
atenções, não tendo sido diferente na carceragem, onde todos do grupo queriam
conversar com ele, qualquer que fosse o assunto.
Lembro-me bem de que mais de uma
vez dormi embalado pelas suas conversas com o empresário Júlio Guimarães e o
delegado federal Carlos Pereira, seus mais frequentes interlocutores; papo esse
que muitas vezes era tão interessante que eu me esforçava para não dormir, mas
acabava dormindo.
A empatia irradiada pelo desembargador Ricardo Regueira não era apenas
interna, com os demais presos, mas externa também, com os próprios carcereiros,
pois assim que chegamos, se alguém pretendesse alguma coisa, um pedido do desembargador
ao carcereiro era quase uma ordem.
O desembargador Ricardo Regueira nunca chamou o carcereiro de “carcereiro”
e muito menos de “agente”, como nos fora recomendado quando da nossa chegada,
mas de “companheiro”, tratamento que abre o coração de qualquer um por mais
duro que seja.
O desembargador e eu éramos presença constante nos noticiários da Rede
Globo, pois se lá não estivéssemos a notícia não despertava interesse e os seus
jornais não vendiam; e talvez por isso a mídia tenha a mania de requentar
notícias velhas quando não surgem novos escândalos para alimentar o seu furor."
(continua na próxima semana)
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE:UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO, encontrável em www.saraiva.com.br e na LIVRARIA LASELVA, nos Aeroportos.
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