sábado, 14 de julho de 2012

MORRE UMA DAS VÍTIMAS DO FURACÃO



"Em todo acontecimento tem alguém que se destaca, e no Tribunal não havia alguém que se destacava no seu relacionamento com as pessoas mais que o desembargador Ricardo Regueira, que não era apenas um magistrado, mas verdadeiro “fazedor de justiça” dos mais justos que já conheci.
Aonde quer chegasse, o desembargador se transformava no centro das atenções, não tendo sido diferente na carceragem, onde todos do grupo queriam conversar com ele, qualquer que fosse o assunto.
 Lembro-me bem de que mais de uma vez dormi embalado pelas suas conversas com o empresário Júlio Guimarães e o delegado federal Carlos Pereira, seus mais frequentes interlocutores; papo esse que muitas vezes era tão interessante que eu me esforçava para não dormir, mas acabava dormindo.
A empatia irradiada pelo desembargador Ricardo Regueira não era apenas interna, com os demais presos, mas externa também, com os próprios carcereiros, pois assim que chegamos, se alguém pretendesse alguma coisa, um pedido do desembargador ao carcereiro era quase uma ordem.
O desembargador Ricardo Regueira nunca chamou o carcereiro de “carcereiro” e muito menos de “agente”, como nos fora recomendado quando da nossa chegada, mas de “companheiro”, tratamento que abre o coração de qualquer um por mais duro que seja.
O desembargador e eu éramos presença constante nos noticiários da Rede Globo, pois se lá não estivéssemos a notícia não despertava interesse e os seus jornais não vendiam; e talvez por isso a mídia tenha a mania de requentar notícias velhas quando não surgem novos escândalos para alimentar o seu furor."

(continua na próxima semana)
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE:UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO, encontrável em www.saraiva.com.br e  na LIVRARIA LASELVA, nos Aeroportos.

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