(continuação)
"A presença de tanta água mal
cheirosa no chão e a falta d’água potável para beber mostrava as contradições nas
entranhas da Polícia Federal, contaminando o seu próprio ambiente de trabalho, incompatível
com uma instituição tão interessada em “limpar” a sociedade.
Outra coisa que não conseguia
entender, é porque pessoas sem qualquer periculosidade eram algemadas pelos
policiais federais em locais de onde, nem armadas de canhão, conseguiriam
safar-se; pelo que a única explicação possível era o prazer que sentiam pelo
constrangimento que a algema impõe, no suposto de que sendo policiais jamais
passarão por situação semelhante. Digo isso porque, um dos presos na operação Hurricane era o delegado da Policial Federal,
Carlos Pereira, que me revelou toda a sua história e a sua passagem pela
instituição, que conto num trecho à parte.
Os dirigentes da Polícia
Federal deveriam investir mais na infra-estrutura de primeira necessidade, e
menos na compra de algemas, que mais não se prestam do que sujeitar o preso não
perigoso a vexames e constrangimentos.
No caso da operação furacão,
algemar idosos, mulheres e todos os que não ofereciam nenhuma periculosidade,
só atende aos critérios da irracionalidade.
Mais recentemente, e por
conta dos abusos cometidos inclusive pela Polícia Federal, o Supremo Tribunal
Federal regulamentou o uso de algemas, para que elas cumpram realmente a sua
finalidade, em vez satisfazer o prazer mórbido dos policiais que delas se
utilizam contra os presos não perigosos."
(continua na próxima semana)
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial, já na 3ª edição), encontrável em www.saraiva.com.br e em www.bondfaro.com.br
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