domingo, 6 de maio de 2012

NECESSIDADES FISIOLÓGICAS NADA PRIVADAS



(continuação)

"A presença de tanta água mal cheirosa no chão e a falta d’água potável para beber mostrava as contradições nas entranhas da Polícia Federal, contaminando o seu próprio ambiente de trabalho, incompatível com uma instituição tão interessada em “limpar” a sociedade.
Outra coisa que não conseguia entender, é porque pessoas sem qualquer periculosidade eram algemadas pelos policiais federais em locais de onde, nem armadas de canhão, conseguiriam safar-se; pelo que a única explicação possível era o prazer que sentiam pelo constrangimento que a algema impõe, no suposto de que sendo policiais jamais passarão por situação semelhante. Digo isso porque, um dos presos na operação Hurricane era o delegado da Policial Federal, Carlos Pereira, que me revelou toda a sua história e a sua passagem pela instituição, que conto num trecho à parte.
Os dirigentes da Polícia Federal deveriam investir mais na infra-estrutura de primeira necessidade, e menos na compra de algemas, que mais não se prestam do que sujeitar o preso não perigoso a vexames e constrangimentos.
No caso da operação furacão, algemar idosos, mulheres e todos os que não ofereciam nenhuma periculosidade, só atende aos critérios da irracionalidade.
Mais recentemente, e por conta dos abusos cometidos inclusive pela Polícia Federal, o Supremo Tribunal Federal regulamentou o uso de algemas, para que elas cumpram realmente a sua finalidade, em vez satisfazer o prazer mórbido dos policiais que delas se utilizam contra os presos não perigosos."

(continua na próxima semana)
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial, já na 3ª edição), encontrável em www.saraiva.com.br e em www.bondfaro.com.br

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