"O fato que me causou o maior
constrangimento foram as idas ao banheiro,
que, de necessidade fisiológica das
mais prazerosas, transformaram-se num tormento sem tamanho num mundo de seres
que se dizem racionais.
Sempre que precisava ir ao banheiro, só podia fazê-lo acompanhado
de um policial federal, além do que o prazer fisiológico não podia ser
exercitado com a porta fechada. Como há quem, com eu, que não consegue fazer
suas necessidades fisiológicas com alguém vigiando, mais não fiz do que fiz,
embora tenha ido ao banheiro inúmeras vezes.
Ficava imaginando a razão
desse procedimento dos policiais federais, e só conseguia entendê-lo, por que
na adolescência havia lido Saint-Exupéry, e lá há uma passagem, em que um soldado
tinha que fazer todo dia a mesma coisa, embora não houvesse mais razão alguma
para continuar fazendo, e justificava: “É
o regulamento”.
Na Polícia Federal deve
haver uma regra interna assim: “Nenhum
preso pode ir sozinho ao banheiro, mesmo que seja um magistrado”; pelo que
eu era “acompanhado” na viagem de ida e de retorno.
Os banheiros da Polícia
Federal no Rio de Janeiro, quando lá estive, não eram exemplo de higiene, e
estavam precisando urgente de reforma, porque além de alguns estarem interditados,
outros estavam em lamentável em estado de conservação, a ponto de eu ter que me
sentar no vaso com os pés numa enorme poça d’água existente em toda a extensão
do banheiro, porque não havia outra forma"
(continua na próxima semana)
Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO
FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com e em www.bondfaro.com.br
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