"(...) Foi essa garra que permitiu
à minha filha, quando a sua casa foi tomada pela Polícia Federal, a pegar o
telefone, ligar para o seu pai, quando o delegado encarregado da diligência a
ameaçou de prisão por desacato à autoridade, mas a sua coragem em face da
força, acabou se impondo como se fosse uma regra de direito natural.
Considero a minha filha, não
apenas por ser minha filha, uma das mais legítimas representantes da classe dos
advogados brasileiros, porque sabe defender como ninguém as prerrogativas da
classe; coisa que nós, magistrados não sabemos fazer, defendendo a nossa.
Luciana permaneceu na sede
da Polícia Federal no Rio de Janeiro durante todo o tempo em que estive lá,
enquanto lhe foi permitido, só se retirando quando o expediente foi encerrado.
Todos os familiares dos
presos ficaram aglomerados numa porta que dava para um corredor que conduzia às
salas onde estavam, tendo eu a lembrança de ter visto ali alguns advogados
conhecidos, além da juíza Lana Regueira, mulher do desembargador Ricardo
Regueira, e sua filha Carol, também advogada, ambas em busca de notícias do marido
e pai.
Desde a prisão do seu
marido, a minha filha Luciana passou a viver num regime de prisão semi-aberta invertida,
pois ela passava boa parte do dia na prisão, na companhia do marido, e ia para
casa à noite para cuidar do filho do casal de apenas quatro meses e dormir com
ele.
Não conheço nenhuma pessoa
mais vocacionada para a tutela dos direitos humanos do que a advogada Luciana,
porque fica indignada quando vê que a integridade física ou a moral das pessoas
não está sendo respeitada:
“Quando o ser humano perde a capacidade de se
indignar, é porque se transformou num vegetal”."
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO
FURACÃO (Geração Editorial), na sua terceira edição; encontrável em
www.saraiva.com.br e em www.bondfaro.com.br
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