domingo, 8 de abril de 2012

MONTAGEM DE UMA FARSA

(continuação)
"Como palestrante ou convidado, tive a oportunidade de participar de incontáveis eventos jurídicos no Brasil e no exterior, e nunca paguei do meu próprio bolso qualquer despesa a título de passagem ou hospedagem; tudo sempre correu por conta de quem convidava. No exterior, participei de eventos com diversos ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, de Tribunais de Justiça dos estados; e não vejo nenhum problema nisso, porque o fato de aceitar um convite nessas circunstâncias, nada tem a ver com a ética nem com a criminalidade.
É uma rotina na vida de ministros de Tribunais Superiores, desembargadores de Tribunais de Justiça e até juízes de todas as Justiças participarem de eventos jurídicos, nacionais e internacionais, como convidados, com viagens patrocinadas por instituições privadas. Nada disso ofende a ética e a moral, desde que o convidado não “negocie” a sua participação em troca das suas decisões judiciais.
Se eu tivesse com os donos de bingos a intimidade que a Polícia Federal, o Ministério Público e o ministro Cezar Peluso supõem que eu tinha, não teria tido a menor dificuldade em conseguir o complemento da passagem do ministro Peçanha Martins, para que ele pudesse participar do Congresso de Buenos Aires, pois bastaria recorrer ao patrocínio dos bingos; que, naquelas circunstâncias jamais negariam o seu patrocínio.
Por isso, costumo dizer que a idéia que fazemos da coisa, muitas vezes é pior do que a própria coisa."

Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com.br e www.bondfaro.com.br

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