O bloqueio das minhas contas bancárias me deixou sem alternativa, porque eu tinha em casa um bebê de apenas quatro meses, filho da minha filha Luciana e que ainda dependia de alimentação especial, e apenas na cabeça da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e do Supremo Tribunal Federal eu tinha recebido a quantia de um milhão de reais por uma decisão para funcionamento de bingo; e cuja decisão nem era para isso, senão apenas para restituir aos proprietários das máquinas caça-níqueis aquelas que tinham sido ilegalmente apreendidas, porque as casas de jogo funcionavam com liminares concedidas por diversos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, e nenhuma era da minha autoria.
Mas mesmo estando sem dinheiro, dei-me conta de que continuávamos almoçando e jantando, e que nada faltava ao meu neto João Silvério, que tendo sido desmamado pelo maldito furacão dependia de alimentação especial.
Eu evitava repassar à minha filha Bianca as nossas dificuldades, porque ela requerera ao INSS o auxílio-maternidade decorrente do nascimento do meu neto João Pedro, e até aquele momento ainda não havia recebido o que tinha direito.
Procurando saber de onde vinha a ajuda, descobri que vinha de Raimunda de Cássia, nosso anjo da guarda, na nossa companhia há mais de trinta anos, que vinha fazendo compras da casa com o seu próprio cartão de crédito, e quando não podia pagar com o cartão pagava com as suas próprias economias da sua caderneta de poupança.
Assim que recebi os meus proventos, a primeira coisa que fiz foi recompor o patrimônio dessa missionária, agradecido pela sua consideração moldada ao longo da nossa convivência e regada de muito afeto e respeito mútuo."
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