domingo, 15 de abril de 2012

MERCADINHO NA CARCERAGEM


"Um dos sérios problemas na prisão não é a alimentação em si, mas a forma pela qual ela é adquirida, que é a licitação pública, e como na licitação vence quem oferece o menor preço, e menor preço nunca foi sinônimo de qualidade, a administração acaba comprando o que tem de pior existe.
As empresas especializadas no fornecimento de serviço de alimentação ao Poder Público, como em todo sistema capitalista, pensa mais no lucros do que na qualidade “quentinha”, que, no fundo, é mesmo uma verdadeira “morninha”.
Essa foi a razão do sucesso do mercadinho da cela dois, uma miniatura de supermercado, montado na mesa de cimento, onde se encontrava de tudo um pouco daquilo que a Polícia Federal permitia que fosse levado aos encarcerados.
Ao contrário da “morninha” que nem sempre continha aquilo que o estômago aceitava, no mercadinho sempre havia alguma coisa que ele desejava.
A alimentação fornecida na carceragem, além de ruim era pouca, enquanto os alimentos do mercadinho eram excelentes, pois os familiares que estavam em Brasília não deixavam de mandar para a cela um provimento diário de saudáveis alimentos.
Embora o prazer de comer devesse ser uma constante na cela, mesmo porque não se tinha outra coisa a fazer a não ser comer, a fome nunca era uma constante nos estômagos de plantão.
Havia também aquele que encontram forma, igualmente agradável, para passar o tempo, principalmente num clima como o de Brasília, como fazia o procurador da República João Sérgio, que tomava no mínimo três banhos diários.
Enquanto era um custodiado, aproveitei para fazer uma dieta, dando sempre preferência às frutas, que não me obrigavam a interromper a minha leitura na cela que era a minha preferência para não ficar vendo o tempo passar." 
  

Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com.br e em www.bondfaro.com.br

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