domingo, 25 de março de 2012

MONTAGEM DE UMA FARSA


 (continuação)

"Na CPI do Grampo instalada pela Câmara dos Deputados, e presidida pelo então Deputado Marcelo Itagiba, o perito professor Ricardo Molina, da Universidade de Campinas, afirmou que a imprensa tem feito um desserviço em muitos casos, pois no caso do desembargador Carreira Alvim a Rede Globo de Televisão colocou no ar uma frase que inexiste na gravação, tendo colocado isso no ar com transcrição.
Um desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, meu amigo de muitos anos, me disse que, naquela Corte, todos ficaram atônicos com a minha prisão, e não se mostravam dispostos a acreditar no que acontecia até ouvir a malsinada frase, “montada” com a minha voz, divulgada pela mídia; o que, aliás, aconteceu com a opinião pública em geral. E esse próprio amigo, um desembargador, me disse que eu tinha que provar que aquela frase não era minha; mas o acusado não tem que provar nada, porque a prova do fato típico é de quem acusa.
A então deputada Marina Maggessi me disse em alto e bom som, na sessão da CPI do Grampo em que fui ouvido na Câmara dos Deputados, que ela chegou ter uma audiência com o ministro Cezar Peluso, do Supremo Tribunal Federal, que comandava as investigações contra mim, a quem disse que ele estava sendo usado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal; mas que infelizmente ele não lhe deu ouvidos.
                Essa montagem da frase feita Polícia Federal só veio à tona no processo a que responde meu genro, na Justiça federal do Rio de Janeiro, porque, se dependesse do Supremo Tribunal Federal, onde o processo penal se encontra literalmente parado, ou do Conselho Nacional de Justiça, onde correu o procedimento administrativo, a verdade ainda estaria no limbo, e eu sem saber de onde partira a maldita frase que eu não havia pronunciado. Nem o Supremo Tribunal Federal, antes de receber a denúncia contra mim, e nem o Conselho Nacional de Justiça, que me julgou em sede administrativa se interessaram em apurar a verdade dos fatos, preferindo acreditar na versão absurda criada pelo Ministério Público, para me afastar do Tribunal."
 
                     (continua na próxima semana).
 
Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com.br ou em www.bondfaro.com.br.
 
 

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