segunda-feira, 19 de março de 2012

DEPOIMENTO PRESTADO POR CARREIRA ALVIM, MAS QUE O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA NÃO LEU.

(continuação)
     "E, na segunda vez em que REGUEIRA esteve no meu gabinete -- nenhuma das vezes teve nada a ver com máquina, com jogo, com nada --, foi me pedir autorização para (...) viajar. Por quê? Porque ele me contou que Vossa Excelência [des.fed. ABEL GOMES], inclusive, tinha deferido várias autorizações para ele viajar, inclusive, às vezes até contrariando a opinião do Ministério Público, que era contra, e que, numa das últimas decisões, havia denegado. Eu nem cheguei a saber por que motivo foi ou não foi denegado. O (...) tinha negócio no exterior e precisava ir não sei aonde porque tinha uma reunião. 
     Eu falei: "REGUEIRA... 'Parece-me que foram duas ou três conversas que tive com ele -- disso eu não me recordo; se ele conversou esse assunto comigo foi no Gabinete. Depois eu o chamei e falei exatamente isto: REGUEIRA, eu pode até dar a liminar para ele viajar, porque, se o passaporte está com ele, se ele está respondnedo a processo, mas tem bens no Brasil, não acredito que ele vá fugir. Veja bem, embora afirmar isso absolutamente eu não posso, mas a presunção é de que não vai haver fuga. Mas eu não vou fazer isso porque eu sou a bola da vez. Eu dei uma decisão sobre bigo [liberação de máquinas] que está controvertida. O Tribunal anula. Se eu der a liminar para o (...), o Presidente cassa. Se o Presidente não cassar, o Tribunal cassa. Então, eu não vou fazer por isso." Ele entendeu e falou assim: "CARREIRA, estão bom!" E foi para Brasília; não sei se ele conseguiu essa autorização em Brasília para ele viajar.
Doutor ABEL GOMES, não teve absolutamente nada a ver com bingo, nem com coisa nenhuma. No dia em que encontrei com esse homem na Polícia Federal, perguntei: "O que você está fazendo aqui?" Eu supunha que fosse alguma coisa liga à decisão, porque eu tinha dado. Não que houvesse motivo, mas, pelo menos, eu tinha dado uma decisão.
     Pensei assi: "Bem, eles estão me prendendo porque eu dei uma decisão favorável". Hoje em dia, em vez de recorrer de decisão de juiz, o normal é denuncia o juiz. O Ministério Público denuncia, para ir para o Tribunal, é prender o juiz, é pedir o afastamento do juiz.
     Quando chegou a esse ponto, eu pensei: "Eu não sei por que estou sendo preso". E, depois, fui saber dessas conversas, que ele teria ido interceder por alguém etc."

(continua na próxima semana)

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