(continuação)
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Lembro-me de que as
aperturas financeiras do meu tempo de estudante eram tão grandes que, durante
certo tempo, eu tinha três empregos, sendo um na Faculdade de Farmácia – onde
entrei como escrevente-datilógrafo e saí como Secretário da Faculdade – trabalhando
das 7 às 12 horas; dali saía correndo, sempre de ônibus, para pegar um estágio
remunerado na Faculdade de Direito, das 13 às 18 horas; e, dali, correndo de
novo, para pegar serviço no então Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, onde
trabalhava em cadastramento de terras, das 19 às 24 horas. Eu trabalhava,
praticamente, das 7 à meia-noite, o que pode ser comprovado se consultados os
registros das instituições onde trabalhei; e, com isso, ao deitar-me, eu nem
dormia, mas simplesmente desmaiava.
Nessa época, o meu tempo
fora do trabalho só era suficiente para “engolir” o almoço e o jantar,
praticamente sem tempo para estudar ou frequentar regularmente as aulas da
Faculdade, que eram aulas presenciais, e com os maiores expoentes das letras
jurídicas brasileiras.
Nos finais de semana, minha
irmã, Maria Helena, hoje juíza federal em Minas, que frequentava comigo a mesma
sala, cedia-me os seus apontamentos de aula, e eu passava o sábado e o domingo
estudando. Já era assim a minha vida, quando eu era ainda um acadêmico de Direito.
A minha distração era
estudar, porque não tinha dinheiro nem para ir ao cinema, a não ser que optasse
por deixar de lanchar nos finais de semana para assistir a algum filme. Lembro-me
de que passava um filme em
Belo Horizonte , no extinto Cine Metrópole, cujo título era A greve do sexo, em que, durante a
exibição, a plateia quase punha o cinema abaixo de tanto rir. Passando por lá,
me dava uma vontade louca de assistir a esse filme, mas, quando pensava assim,
o estômago dava a sua bronca por antecipação, lembrando-me de que aquela
extravagante distração me custaria o sanduíche do final de semana; e, então, eu
desistia do filme em homenagem ao direito de alimentar-me, mesmo que fosse com
um sanduíche.
(continua
na próxima semana)
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO
OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável nas livrarias SARAIVA e
TRAVESSA, e também em www.livrariasaraiva.com.br,
www.travessa.com.br, www.estantevirtual.com.br e em
outras livrarias do País.
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