sexta-feira, 13 de junho de 2014

QUEM É O DESEMBARGADOR CARREIRA ALVIM

(continuação)
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Lembro-me de que as aperturas financeiras do meu tempo de estudante eram tão grandes que, durante certo tempo, eu tinha três empregos, sendo um na Faculdade de Farmácia – onde entrei como escrevente-datilógrafo e saí como Secretário da Faculdade – trabalhando das 7 às 12 horas; dali saía correndo, sempre de ônibus, para pegar um estágio remunerado na Faculdade de Direito, das 13 às 18 horas; e, dali, correndo de novo, para pegar serviço no então Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, onde trabalhava em cadastramento de terras, das 19 às 24 horas. Eu trabalhava, praticamente, das 7 à meia-noite, o que pode ser comprovado se consultados os registros das instituições onde trabalhei; e, com isso, ao deitar-me, eu nem dormia, mas simplesmente desmaiava.
Nessa época, o meu tempo fora do trabalho só era suficiente para “engolir” o almoço e o jantar, praticamente sem tempo para estudar ou frequentar regularmente as aulas da Faculdade, que eram aulas presenciais, e com os maiores expoentes das letras jurídicas brasileiras.
Nos finais de semana, minha irmã, Maria Helena, hoje juíza federal em Minas, que frequentava comigo a mesma sala, cedia-me os seus apontamentos de aula, e eu passava o sábado e o domingo estudando. Já era assim a minha vida, quando eu era ainda um acadêmico de Direito.
A minha distração era estudar, porque não tinha dinheiro nem para ir ao cinema, a não ser que optasse por deixar de lanchar nos finais de semana para assistir a algum filme. Lembro-me de que passava um filme em Belo Horizonte, no extinto Cine Metrópole, cujo título era A greve do sexo, em que, durante a exibição, a plateia quase punha o cinema abaixo de tanto rir. Passando por lá, me dava uma vontade louca de assistir a esse filme, mas, quando pensava assim, o estômago dava a sua bronca por antecipação, lembrando-me de que aquela extravagante distração me custaria o sanduíche do final de semana; e, então, eu desistia do filme em homenagem ao direito de alimentar-me, mesmo que fosse com um sanduíche.
(continua na próxima semana)
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável nas livrarias SARAIVA e TRAVESSA, e também em www.livrariasaraiva.com.br, www.travessa.com.br, www.estantevirtual.com.br e em outras livrarias do País.  

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