(continuação)
_________________________________________________________
Antes
de ser levado para a carceragem em Brasília, fui despido para ser examinado
numa sala onde se encontravam um homem e uma mulher que, depois, me disseram
ser uma médica, para fazer o exame de corpo de delito. Mais tarde fui posto num
avião para Brasília, juntamente com todos os demais, algemado e conduzido em condições
nada confortantes, pois fui do Rio de Janeiro a Brasília com uma goteira em
cima de minha cabeça.
Isso ocorreu numa sexta-feira, e já no domingo a Rede Globo
de Televisão pôs no ar uma reportagem mostrando os policiais federais entrando
nas casas dos donos de bingo, derrubando paredes a marretadas em busca de
dinheiro escondido, com os donos de bingo, alguns dos quais bastante idosos e
até um ancião, sendo levados algemados pelos federais.
Nessa reportagem, anunciava a repórter que “nunca antes no
Brasil tantos poderosos caíram juntos em tão pouco tempo”, enfatizando que eu
era um dos presos, juntamente com o desembargador Ricardo Regueira, por
estarmos, segundo ela, envolvidos com a máfia dos bingos.
Sem qualquer explicação sobre o dinheiro encontrado na casa
de um bingueiro, a câmera mostrava pilhas e pilhas de cédulas artisticamente dispostas
para mostrar volume, exibindo em seguimento fotos minhas e do desembargador
Regueira, a sugerir que aquele dinheiro era nosso e que era propina para autorizar
o funcionamento de bingo, cujas decisões nem sequer tinham sido proferidas por
nós.
(continua na próxima semana)
_______________________________________________________
Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável, inclusive na versão e-book, nas livrarias SARAIVA e TRAVESSA, e em www.livrarias.saraiva.com.br, www.travessa.com.br, www.livrariacultura.com.br e também em www.estantevirtual.com.br, www.bondfaro.com.br e em outras livrarias do País.
Nenhum comentário:
Postar um comentário