(continuação)
_________________________________________________________
Também
não foi devidamente esclarecido, no Laudo Pericial, de que forma poder-se-ia,
distinguir uma descontinuidade “sistêmica” de uma fraudulenta; e não o foi por
um único e simples motivo: porque tecnicamente não é possível fazer tal
distinção.
Ressalta
o assistente que o Laudo Pericial, em
nenhum momento afirma que uma descontinuidade artificialmente criada
poderia ser detectada em gravações semelhantes àquelas originadas de ligações Nextel; pelo que a aferição de
“autenticidade” não pode ser realizada com segurança. Simplesmente afirmar,
como o fazem os peritos que vícios semelhantes aos observados nas gravações
questionadas (truncamentos e descontinuidades em geral) ocorrem
“aleatoriamente” por causa de falhas no sistema não pode ser admitido como evidência de autenticidade. Se o sistema
é falho e gera “ao acaso” descontinuidades na gravação, as quais não podem ser
tecnicamente diferenciadas de efeitos semelhantes produzidos em laboratório,
então que o proprietário do sistema o ajuste de tal modo a não mais produzir
tais gravações imperfeitas. O que não se pode, conclui, é usar gravações
repletas de descontinuidades como prova técnica válida.
Esse
parecer técnico comprova exatamente o que aconteceu, ou seja, que a parte malsã
da Polícia Federal aproveitou-se de uma conversa que tive com o meu genro, que
nada tinha a ver com liminares, mesmo porque ele nem era advogado das casas de
bingo, conversa esta onde se falou em “parte” (parte aérea e parte
terrestre), e onde se falou também “em dinheiro”, porque o pedido era para que
a passagem do ministro Peçanha Martins, para Buenos Aires, fosse feita em
dinheiro; e, com isso, montou a famigerada
frase “[a] arte em dinheiro, tá?”, sem nenhum significado no contexto, mas que
servia aos propósitos da Polícia Federal, de fazer supor que eu queria receber
a “minha parte em dinheiro”, fazendo dessa montagem uma versão real, o que
animou o chefe do Ministério Público Federal a pedir, e o ministro Cezar Peluso
a autorizar, a minha prisão temporária.
(continua
na próxima semana)
__________________________________________________________
Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável nas livrarias SARAIVA, e também em www.saraiva.com.br, www.estantevirtual.com.br, www.bondfaro.com.br, www.buscape.com.br e em outras livrarias do País.
Agora também em e-book: www.travessa.com.br/ebook e busque o título Operação Hurricane.
Nenhum comentário:
Postar um comentário