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Na análise da gravação sobre
a minha conversa com o meu genro, foi constatada a existência de duas
descontinuidades no fluxo de gravação, tendo a primeira descontinuidade
ocorrido em meio à fala do interlocutor 2, que era eu, “tá me ou/...”, dando a
entender que a sentença completa, ou ao menos parte dela, seria “Tá me
ouvindo?”; enquanto a segunda descontinuidade ocorre também durante outra fala
do interlocutor 2, que era eu, mais especificamente no trecho no qual se ouve
“/arte em dinheiro”, tendo os dois primeiros elementos de formação permitido
afirmar que a consoante cortaria seria a letra “p”.
Para o perito, não é
possível afirmar categoricamente que a palavra pronunciada teria sido “parte”
ou outra mais extensa como “reparte”, por exemplo, não sendo possível saber a
extensão do enunciado original, ou seja, quantas e quais palavras foram
efetivamente suprimidas em decorrência dessa descontinuidade. Uma possível explicação para a segunda descontinuidade
seria alguma imprecisão relacionada com dispositivo de detecção automática de
fala, podendo esse dispositivo ter falhado, o que teoricamente explicaria a
descontinuidade no trecho “/arte em dinheiro”.
A outra descontinuidade ocorrente na mesma gravação,
a saber, no trecho “ta me ou/...”, poderia ser atribuída também a uma falha do
sistema, visto que o corte abrupto se dá durante o segmento vocálico, ou seja,
enquanto a amplitude do sinal está em nível alto e quase constante; mas não
haveria motivo para o dispositivo automático de detecção de fala falhar, visto
que a fala já tinha sido detectada e estava em nível alto no momento do corte
abrupto.
Outro
aspecto relevante na gravação é o fato de a duração relatada no relatório da
Polícia Federal ser de 37 segundos, bem maior do que a duração total do arquivo
correspondente à gravação, de penas 21 minutos e 273 segundos, havendo 16
segundos faltantes na gravação. Em outras palavras, cerca de 43% da conversação
telefônica correspondente à gravação simplesmente desapareceu.
(continua na próxima semana)
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável nas livrarias SARAIVA e também em www.saraiva.com.br, www.estantevirtual.com.br, www.bondfaro.com.br e nas livrarias de todo o País.
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