PODER
JUDICIÁRIO
TRIBUNAL
REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO
(Notas
Taquigráficas SAJ/CORTAQ) (Audiência, 16/4/2010)
(continuação)
Isso
não existe. Quer dizer, isso que eles colocaram aqui não tem contexto. O que constava é que eu estava enrolando... "Um
milhão...". Eles queriam, com
certeza, cobrar mais para mostrar serviço e fizeram... O que fazem não é comigo
não. Fazem com qualquer pessoa e me venderam sem que eu tivesse conhecimento.
Na
análise desses quesitos, o que, acontece? Foi o pior. Quando o advogado do JÚNIOR
pergunta se houve corte ou manipulação - como é visível na fita, porque há espaços
-, eles [os peritos da Polícia Federal] tinham que responder que houve. Mas, o que
falavam? Vide o que responde ao quesito tal. Chega-se lá e não tem nada a ver
com o tal quesito.
Se
não estivesse atuando lá o perito Molina, eles teriam dito que tudo aquilo que
está na informação da Polícia Federal seria
verdadeiro.
DESEMBARGADOR
FEDERAL ABEL GOMES (RELATOR): O que Vossa Excelência acha dessa atitude da Polícia
Federal em querer envolver o seu nome? Porque isso passaria por um Delegado,
que estaria à frente dessa operação, e, num segundo plano, por peritos que foram
chamados a confirmar, ou por agentes que ficavam na escuta, fazendo as
anotações. Um Delegado que preside, os agentes que são os analistas...
DESEMBARGADOR
FEDERAL JOSÉ EDUARDO CARREIRA ALVIM (REQUERIDO): Mas lá, não tem isso, não.
DESEMBARGADOR
FEDERAL ABEL GOMES (RELATOR): E mais um perito que iria examinar isso. Por que
é que essas pessoas teriam feito esta instrução?
DESEMBARGADOR
FEDERAL JOSE EDUARDO CARREIRA ALVIM (REQUERIDO): É muito difícil sabermos do
propósito das pessoas.
Polícia
Federal é uma instituição que não tem face. Eu nunca vou conseguir saber quem montou
isso, porque eles falam que trabalham em grupo e que se revezavam. Civilmente, pode-se
responsabilizar, por exemplo, um Delegado que fez uma coisa e que foi provada
que é falsa. Agora, colocar na cadeia pelo que fez, vai ser difícil, porque a
dúvida beneficia o réu, e não vai se saber, dentre as pessoas que fizeram o
rodízio, quem fez essa montagem.
Agora,
o objetivo maior era que eu não fosse para a Presidência do Tribunal, Aliás, eu
pensei que esse fosse o objetivo maior. E eles resolveram montar. Na época, eu
não tinha muita desconfiança do Ministério Público. Hoje a minha visão já é
diferente, porque foi o Procurador-Geral da República [ANTÔNIO FERNANDO DE
SOUZA] que foi lá pedir autorização para grampear, etc.
Eu
vejo o Ministério Público querendo muito controlar a Polícia Federal. Existe uma
lei... A Polícia Federal é contra o Ministério Público. O Ministério Público
quer controlá-la e ela é contra o Ministério Público. É difícil eu saber por
que fizeram isso comigo. Eu não sei. Eu só posso atribuir a isso: eles não
queriam que eu assumisse a Presidência do Tribunal.
Agora,
foi uma forma muito sórdida de fazer, porque me fez sofrer, a minha família e a
meus amigos.
(continua na próxima semana)
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