sábado, 10 de novembro de 2012

GRAMPOS NO GABINETE DO DESEMBARGADOR CARREIRA ALVIM


(continuação)
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A minha revolta com essas escutas era porque, para mim, se existisse o grampo, seria clandestino, pois nunca poderia imaginar que a Justiça, e muito menos um Tribunal Superior, tivesse algum motivo para autorizá-la, mesmo porque tal motivo inexistia; e também não acreditava que a Polícia Federal fosse capaz de montar o que montou contra mim, e que o Ministério Público Federal e a Justiça pudessem acreditar no que acabaram acreditando.
Como o meu genro não dispõe de foro especial, suspeito que as minhas conversas com ele tenham sido gravadas muito antes da autorização do Supremo Tribunal Federal.
Quando a Polícia Federal grava alguém que não dispõe de juízo especial, acha que não está obrigada a fazer a comunicação de que tem uma autoridade de hierarquia superior na conversa, e pedir autorização para continuar a interceptar. Isso aconteceu, no Espírito Santo, em que um juiz federal foi denunciado perante o Tribunal da 2ª Região, em virtude de interceptações de um amigo seu, e o tribunal entendeu, contra o meu entendimento, que esse procedimento era legal.
Nessa oportunidade, eu disse ao Plenário: “Vossas Excelências não são sensíveis a essas ilegalidades, porque o que está em jogo é a honra de um juiz federal, mas todos nós estamos sujeitos a interceptações dessa natureza”. Mal sabia eu que a minha vez estava próxima, e por uma escuta com suporte de legalidade.
 Mas, embora nas mensagens que eu mandava aos interceptadores lhes pedisse que transcrevessem a gravação da conversa por inteiro, fizeram pior, que foi gravar apenas trechos desconexos do que lhes interessavam, só gravando por inteiro as frases que pudessem sugerir corrupção.
 Os textos transcritos pela Polícia Federal, no relatório final, assinado pelo delegado Ézio Vicente da Silva, que serviu de base para o procurador-geral da República me denunciar, e ao ministro Cezar Peluso para mandar me prender temporariamente, foram gravados quando eu ainda estava sendo gravado por tabela, por determinação de uma juíza federal, portanto de forma flagrantemente ilegal, textos esses totalmente desconexos e sem qualquer sentido, diferentemente de muitas outras conversas mostradas pela mídia, onde existe começo, meio e fim.
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(continua na próxima semana).
Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com.br, www.estantevirtual.com.br, www.bondfaro.com.br, e na Livraria La Selva (nos Aeroportos) e nas livrarias de todo o Brasil. 

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