(continuação)
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A minha
revolta com essas escutas era porque, para mim, se existisse o grampo, seria
clandestino, pois nunca poderia imaginar que a Justiça, e muito menos um
Tribunal Superior, tivesse algum motivo para autorizá-la, mesmo porque tal
motivo inexistia; e também não acreditava que a Polícia Federal fosse capaz de
montar o que montou contra mim, e que o Ministério Público Federal e a Justiça
pudessem acreditar no que acabaram acreditando.
Como o meu
genro não dispõe de foro especial, suspeito que as minhas conversas com ele
tenham sido gravadas muito antes da autorização do Supremo Tribunal Federal.
Quando a
Polícia Federal grava alguém que não dispõe de juízo especial, acha que não
está obrigada a fazer a comunicação de que tem uma autoridade de hierarquia
superior na conversa, e pedir autorização para continuar a interceptar. Isso
aconteceu, no Espírito Santo, em que um juiz federal foi denunciado perante o
Tribunal da 2ª Região, em virtude de interceptações de um amigo seu, e o
tribunal entendeu, contra o meu
entendimento, que esse procedimento era legal.
Nessa
oportunidade, eu disse ao Plenário: “Vossas Excelências não são sensíveis a
essas ilegalidades, porque o que está em jogo é a honra de um juiz federal, mas
todos nós estamos sujeitos a interceptações dessa natureza”. Mal sabia eu que a
minha vez estava próxima, e por uma escuta com suporte de legalidade.
Mas, embora nas mensagens que eu mandava aos
interceptadores lhes pedisse que transcrevessem a gravação da conversa por inteiro,
fizeram pior, que foi gravar apenas trechos desconexos do que lhes interessavam,
só gravando por inteiro as frases que pudessem
sugerir corrupção.
Os textos transcritos pela Polícia Federal, no
relatório final, assinado pelo delegado Ézio Vicente da Silva, que serviu de
base para o procurador-geral da República me denunciar, e ao ministro Cezar
Peluso para mandar me prender temporariamente, foram gravados quando eu ainda
estava sendo gravado por tabela, por
determinação de uma juíza federal, portanto de forma flagrantemente ilegal,
textos esses totalmente desconexos e sem qualquer sentido, diferentemente de
muitas outras conversas mostradas pela mídia, onde existe começo, meio e fim.
___________________________________________________________________(continua na próxima semana).
Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com.br, www.estantevirtual.com.br, www.bondfaro.com.br, e na Livraria La Selva (nos Aeroportos) e nas livrarias de todo o Brasil.
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