domingo, 4 de novembro de 2012

GRAMPOS NO GABINETE DO DESEMBARGADOR CARREIRA ALVIM

(continuação)
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 Fico me questionando, como cidadão e como juiz que sou, que se o Supremo Tribunal Federal, que deveria zelar pelo respeito à Lei do Grampo, não a respeita, a quem deve o cidadão recorrer para que ela seja respeitada? E como poderá a Suprema Corte censurar os tribunais e juízes inferiores que não a respeitam?
Eu tinha ficado sabendo do grampeamento dos meus telefones porque, ao falar, notava que alguma coisa de anormal sempre acontecia durante as conversas, o que me levou, depois de algum tempo, a providenciar alguém para fazer um rastreamento nas minhas linhas. A essa altura, eu supunha que os grampos eram por conta da disputa interna pela direção do Tribunal, e o que fazia era defender-me dos meus “colegas”, pretendentes à presidência da casa.
Um conhecido meu, que trabalha com segurança, me ensinou a testar os telefones para verificar se estavam ou não grampeados, e, quando fiz o teste com o meu telefone e os da minha família, descobri que todos, celulares e convencionais, estavam grampeados.
Por isso, e porque sabia que do outro lado da linha estavam os “arapongas”, mas sem saber que estavam autorizados a interceptar-me por tabela, primeiro pela inferior instância, e, depois, pelo Supremo Tribunal Federal, mandei-lhes, ao longo de todo o tempo da interceptação, alguns recados que, realmente, não devem ter gostado de ouvir, mormente dito por um juiz. 

Eu disse mais ou menos o seguinte: “Se vocês estiverem me grampeando, coloquem o que, realmente, estou falando tá? Não coloquem ‘inaudível’ ou três pontinhos não”. “Gravem a conversa toda e ponham exatamente o que estou falando”.
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(continua na próxima semana)

Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com.br, www.estantevirtual.com.br, www.bondfaro.com.br, na Livraria La Selva (nos Aeroportos) e nas livrarias de todo o Brasil.

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