domingo, 29 de julho de 2012

UM JUIZ NO PARLATÓRIO DA POLÍCIA FEDERAL



 O dia 19 de abril de 2007, quinta-feira, foi, para mim, um dia particularmente agradável, pois recebi a visita do meu irmão, Bonifácio, médico em Brasília, pois, até então, eu me entrevistava diariamente apenas com a minha filha Luciana, ora na qualidade de familiar, ora na de advogada; sempre no Parlatório com um vidro nos separando.  
 Num desses dias em que fui falar com minha filha no Parlatório vi chegar uma advogada, nova ainda, dizendo que queria falar com seu cliente, em particular, como lhe garantia a lei, mas quando ouviu do agente federal que a conversa só poderia ser no Parlatório, agradeceu e retirou-se indignada, preferindo não conversar com seu cliente, a fazê-lo com desrespeito aos princípios legais e constitucionais.  
Não sei se esse fato foi levado ao conhecimento da Ordem dos Advogados do Brasil, mas, se foi, nenhum resultado concreto produziu,  porque todos os advogados continuaram falando com seus clientes no Parlatório, sem nenhuma privacidade. 
Chegou-se a cogitar de levar ao conhecimento do Supremo Tribunal Federal, por intermédio do ministro Cezar Peluso, que os custodiados estavam sendo restringidos no seu direito de falar a sós com seus advogados, até porque, no Parlatório, geralmente falavam até três ao mesmo tempo; mas, depois, essa ideia foi abandonada, porque, se o ministro não conseguira, com todo o seu poder, evitar que a Operação Furacão, que ele dizia sigilosa, ficasse vinte e quatro horas fora da mídia, por cento não teria força também para fazer com que nossos outros direitos fossem respeitados pela Polícia Federal."
(continua na próxima semana)
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.saraiva.com.br e na Livraria Laselva (nos Aeroportos).

NOTA - Para quem não sabe, o Parlatório é aquele local onde o preso conversa com seu advogado, por telefone, separados por um vidro de grossa espessura.

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