GRAVAÇÃO NÃO É PROVA
É o que defende Ricardo Molina: "Serviu para
expor o cara de maneira brutal".
As gravações
que evidenciariam a relação de possíveis magistrados corrompidos, entre eles
José Eduardo Carreira Alvim, com dono de
casas de bingo foram totalmente
contestadas em laudo feito por Ricardo Molina, professor da Unicamp e perito privado. "Não poderiam servir para
denunciar nem acusar ninguém", afirma.
Mesmo assim, a
Rede Globo colocou frases no ar, ao anunciar, em edição extraordinária,
a ação da Polícia Federal em 2007. "A frases veiculadas pela Globo não
estavam no áudio. Imaginaram coisas; a
imprensa colocou no ar, e tudo virou verdade", diz Molina.
Segundo ele,
"não existe objetivamente aquilo que foi ao ar no áudio". Por isso,
Molina fala que "não se pode
garantir que não foi adulterado". E garante que 43% da conversa telefônica
desapareceu, o que corresponde a 16 segundos.
"Foram
duas gravações, uma que teria a fala de Carreira e outra, na qual de foi
citado, durante uma conversa, por uma pessoa no fundo, que não sabe quem é. Ou
seja, uma pessoa não identificada fala e isso serve para
incriminar."
Molina fez uma
comparação: "Alguém fica no áudio e escutando o que eu falo, e se eu
disser que hoje estou com vontade de matar um cara, vai e me prende - Fofoca
vira verdade." De acordo com Molina, principalmente depois da Operação
Hurricane, a PF mudou um pouco de postura.
"O que
fizeram com o Carreira Alvim foi um absurdo. "Uma arbitrariedade da PF e
do Supremo Tribunal Federal. Não sei se ele é ou não culpado, mas em um Estado
de Direito, a prova precisa ser bem constituída. Gravação não é prova, é
indício. Não prova que fez isso ou aquilo. Posso falar uma coisa e não ter
feito."
Para o perito,
a liberdade de interpretar "foi uma arbitrariedade gigantesca; são
pro-vas.que servem aos interessados da acusação". Ele recorda que nesse caso foram quase dois anos ou mais
de gravação. "Não foi uma investigação sobre um fato, mas sobre um
indivíduo. É como chegar num rio e jogar a rede para pegar um peixe.
Ora, pode ser que naquele rio nem tenha peixe. Então, vamos esperando alguém
cair na rede. Nessa situação, em dois anos até o Papa pode falar algo. Ou mesmo
a Madre Teresa de Calcutá poderia cair na rede."
Segundo Molina, para gravar é preciso ter indício concreto do que se quer provar. "E não gravar para
ver o que vai acontecer. Aí alguém,
algum dia, fala alguma coisa. Isso não é Estado de Direito. A lei diz 15 dias e
mais 15 dias . Eles entendem 15, mais
15, mais 15, mais 15. E ele foi preso por causa das gravações."
Para o perito, hoje, até a própria perícia da PF
"deve concordar que as gravações não são provas, mas serviram para expor o
cara de maneira brutal". Apesar da defesa, Molina reconhece que, após a CPI dos Grampos, muita
coisa mudou.
Mesmo assim, ainda há muitos processos sob suspeita "de que gravaram primeiro e pediram autorização depois, sem indícios concretos que, de repente, aparecem depois".
Mesmo assim, ainda há muitos processos sob suspeita "de que gravaram primeiro e pediram autorização depois, sem indícios concretos que, de repente, aparecem depois".
O caso de Carreira
Alvim não difere de outros, segundo Molina. A diferença é que "ele teve a
coragem de expor, de bater de frente com a PF e a mídia. Conheço muita gente
que se retraiu e, mesmo conseguindo reverter a situação lá na frente, ficou
calada.
Carreira fez porque não teve medo. Mas também porque tem cacife." (Décio Viotto, do Diário do Comércio de S. Paulo)
Carreira fez porque não teve medo. Mas também porque tem cacife." (Décio Viotto, do Diário do Comércio de S. Paulo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário