domingo, 16 de outubro de 2011

DEPOIMENTO PRESTADO POR CARREIRA ALVIM NO PROCESSO ADMINISTRATIVO ABERTO PELO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

O QUE O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA NÃO QUIS ENXERGAR

DESEMBARGADOR ABEL GOMES (RELATOR): Eu pergunto logo se conheceu, porque se não conheceu fica prejudicada qualquer outra pergunta. Se conheceu -- Vossa Excelência, pode até responder em ato contínuo -- antes dos fatos e se mantinha contado frequente e assíduo com essas pessoas: Evandro Fonseca, Sérgio Luzio e uma pessoa que é citada aqui como Fred, que eu não sei quem é.
DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ EDUARDO CARREIRA ALVIM (REQUERIDO): Não. Não conheci nenhum deles, e aqui na nossa exposição, Excelência, nós vamos ver uma exposição da denúncia em que o Ministério Pùblico Federal [procurador-geral Antônio Fernando de Souza] ocultou o nome do Bruno -- ele sabia que era o Bruno, porque estava no inquérito -- e colocou "homem não identificado". Sabe por quê? Porque ele queria me associar a Sérgio Luzio, que nunca despachou comigo. Sabe como eu fiquei conhecendo Sérgio Luzio? Na carceragem em Brasília. E sabe por que eu sabia que era ele? Porque ele se parece muito com o Marcelo, irmão dele.
Então, quando eu vi -- eu já tinha ouvido a notícias pela televisão de quem tinha sido preso --, e eles nos levaram para momar sol, eu bati o olho... Eu que me aproximei dele. Falei com ele assim: "Você deve ser irmão do Macelo". Ele isse: "É, eu sou o Sérgio Luzio." Esse moço nunca esteve comigo.
Aliás, doutor ABEL, nenhum advogado desses três casos chegou a despachar diretamente comigo; despachavam com o Bruno. E não são eles não. Os Advogados iam a mim... Porque o que acontecia? O advogado, para falar comigo, nunca precisou de memorial. Então, o Advogado chegava lá, queria falar comigo, entrava e falava. Os Advogados que queriam, às vezes, bater papo, às vezes tomar até meu tempo -- porque eu sou muito falador também -- chegavam lá, era para conversar cinco minutos e eu ficava meia hora conversando. Então, iam lá para bater papo.
Eu sou autor de várias obras; eu tinha precedentes de votos neste Tribunal a respeito de concessão de liminares, não específicas a arespeito de bingo, porque de gingo as decisões que eu dei -- Vossa Excelência participou, inclusive, do julgamento da 1ª Turma e sabe disso -- não chegaram a vigorar, nenhuma decisão chegou a vigorar. Eu vou mostrar para Vossa Excelência depois quem neste Tribunal deu decisão sobre bingo -- porque eu fiz uma varredura na internet, tem todo mundo aqui. O Ministério Público fala em uma quadrilha para autorizar funcionamento de bingo, mas se meteu com a pessoa errada, porque eu não figuro nessa relação.
Eu atribuo todos estes fatos, sinceramente, porque eles queriam me afastar da Presidência do Tribunal. Eu estou convicto disso. Então, ROY REIS FRIEDE deu decisão do mesmo modo que eu dei, mantendo uma máquina [em funcionamento]; NEY FONSECA deu a mesma decisão. Havia precedentes desta Casa. Agora, acontece que eles não eram candidatos, e eu era. Eles não queriam que eu ocupasse essa cadeira, não sei por que. Porque eu nunca fiz o jogo do poder.
Não dava para eu identificar essas pessoas, porque, como Vossa Excelência mesmo reconhece... Mas, Doutor ABEL, pela felicidade dos meus netos, quem apareceu no meu Gabinete para me pedir alguma coisa que não poderia ser concedida foi Advogado da União e o Ministério Público. Acredita nisso? Advogado da União e Ministério Público: esses estiveram no meu Gabinete para pedir; Advogado nunca esteve. Sabe por qûê? Porque cachorro entra na igreja quando acha a porta aberta. E Advogado nunca achou, porque eu nunca deixei minha porta aberta. Agora, Ministério Público e Advogado da União se arvorando, que são representantes da União, não estão pedindo para eles, estão pedindo para os outros, esses... Depois, eu vou contar para Vossa Excelência, na hora em que fizermos essa digressão.
Essas pessoas, pode colocar: um não conheço... Aliás, Sérgio Luzio, eu só conheço porque estava comigo na carceragem. Esses outros aí, se Vossa Excelência mandar passar aqui numa fila para eu reconhecê-los, eu não sei quem são."

(Trecho do depoimento prestado por Carta Precatória ao des.fed. Abel Gomes, e que o ministro Gilson Dipp provavelmente não leu).

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