domingo, 4 de março de 2012

MONTAGEM DE UMA FARSA


(continuação da semana passada)
"A meu ver, depois de ter ministro Gilson Dipp, depois corregedor do Conselho Nacional de Justiça, (...) participado de um Congresso organizado por mim, e a meu convite, e que custeou as suas despesas por cinco dias na capital portenha, o mínimo que deveria ter feito em nome da ética que apregoou, no procedimento administrativo, seria se dar por suspeito nesse meu julgamento. Sempre tive para comigo que a ética é uma via de mão dupla, e não pode valer só em favor de quem a apregoa, mas, sobretudo, em favor de quem a pratica.
Lembro-me, também, de que, quando liguei para o ministro Peçanha Martins, para convidá-lo, disse-lhe que o patrocínio seria como era de uma instituição universitária, a Universo, e que eu estava numa “calça justa” danada pelo fato de o patrocínio acabar bancado por outra empresa ou instituição, mesmo que fosse o Instituto. Isso porque, quando conversei com o ministro Peçanha Martins, senti que ele não se mostrava muito confortável em aceitar o nosso convite, pelo que me sugeriu o nome do ministro Gilson Dipp, que aceitou participar com o patrocínio obtido pelo Instituto.
Poucos dias depois, estando em meu gabinete, no Tribunal, lembrei-me do episódio das empresas que patrocinaram as três passagens do exterior para Buenos Aires, com a condição de que seus nomes não fossem divulgados, – tanto que repassaram o preço das passagens em dinheiro, diretamente para a Happy Hour Viagens e Turismo, – e, lembrando-me de que havia dito ao ministro Peçanha Martins que o patrocínio seria da Universo, dali mesmo telefonei para Silvério Júnior, que estava no seu escritório, que funciona do lado do IPEJ, para lhe dizer que a compra da passagem do ministro deveria ser feita em dinheiro." 
 (continua na próxima semana)

Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO, encontrável em www.saraiva.com e www.bondfaro.com.br.

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