(continuação da semana passada)
"A meu ver, depois de ter ministro Gilson Dipp, depois corregedor do Conselho Nacional de Justiça, (...) participado de um Congresso organizado por mim, e a meu convite, e que custeou as suas despesas por cinco dias na capital portenha, o mínimo que deveria ter feito em nome da ética que apregoou, no procedimento administrativo, seria se dar por suspeito nesse meu julgamento. Sempre tive para comigo que a ética é uma via de mão dupla, e não pode valer só em favor de quem a apregoa, mas, sobretudo, em favor de quem a pratica.
Lembro-me, também, de que, quando liguei para o ministro Peçanha Martins, para convidá-lo, disse-lhe que o patrocínio seria como era de uma instituição universitária, a Universo, e que eu estava numa “calça justa” danada pelo fato de o patrocínio acabar bancado por outra empresa ou instituição, mesmo que fosse o Instituto. Isso porque, quando conversei com o ministro Peçanha Martins, senti que ele não se mostrava muito confortável em aceitar o nosso convite, pelo que me sugeriu o nome do ministro Gilson Dipp, que aceitou participar com o patrocínio obtido pelo Instituto.
Poucos dias depois, estando em meu gabinete, no Tribunal, lembrei-me do episódio das empresas que patrocinaram as três passagens do exterior para Buenos Aires, com a condição de que seus nomes não fossem divulgados, – tanto que repassaram o preço das passagens em dinheiro, diretamente para a Happy Hour Viagens e Turismo, – e, lembrando-me de que havia dito ao ministro Peçanha Martins que o patrocínio seria da Universo, dali mesmo telefonei para Silvério Júnior, que estava no seu escritório, que funciona do lado do IPEJ, para lhe dizer que a compra da passagem do ministro deveria ser feita em dinheiro."
(continua na próxima semana)
Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO, encontrável em www.saraiva.com e www.bondfaro.com.br.
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