domingo, 4 de março de 2012

DEPOIMENTO PRESTADO POR CARREIRA ALVIM, MAS QUE O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA NÃO LEU.

(continuação da semana passada)
E, na segunda vez em que o Regueira esteve no meu gabinete -- nenhuma das vezes teve nada a ver com máquina, com jogo, com nada -- foi me pedir uma autorização para o (...) viajar. Por quê? Porque ele me contou que Vossa Excelência, inclusive, tinha deferido várias autorizações para ele viajar, inclusive, às vezes até contrariando a opinião do Ministério Público, que era contra, e que, numa das últimas decisões, havia denegado. Eu nem cheguei a saber por que motivo foi ou não denegado. O (...) tinha negócio no exterior e precisava ir não sei aonde porque tinha uma reunião. 
Eu falei assim: "Regueira". "Parece-me que foram duas ou três nversas que tive com ele -- disso eu não me recordo; se ele conversou esse assunto comigo foi no Gabinete. Depois eu o chamei e falei exatamente isto: "Regueira, eu podia até dar a liminar para ele viajar porque, se o passaporte está com ele, se ele está respondendo a processo, mas tem bens no Brasil, não acredito que ele vá fugir. Veja bem, embora afirmar isso absolutamente eu não posso, mas a presunção é de que não vai haver fuga. Mas eu não vou fazer isso, porque eu sou a bola da vez. Eu dei uma decisão de bingo que está controvertida. O Tribunal anula. Se eu der a liminar para o (...) viajar, o Presidente [então o Frederico Gueiros] cassa. Se o Presidente não cassar, o Tribunal cassa. Então eu não vou fazer isso". Ele entendeu e falou assim: "Carreira, está bom!". E foi para Brasília; não sei se ele conseguiu essa autorização em Brasília para ele viajar.
Doutor ABEL GOMES, não teve absolutamente nada a ver com bingo, nem com coisa nenhuma. No dia em que encontrei com esse homem [Regueira], na Polícia Federal, perguntei: "O  que você está fazendo aqui?" Eu supunha que fosse alguma coisa liga à decisão, porque eu tinha dado. Não que houvesse motivo, mas, pelo menos, eu tinha dado uma decisão.
Pensei assim: "Bem, eles estão me prendendo porque eu ei uma decisão favorável". Hoje em dia, em vez de recorrer de Juiz, o normal é denunciar Juiz. O Ministério Público [Federal] denuncia para ir para o Tribunal, é prender Juiz, é pedir o afastamento do Juiz ...
(continua na próxima semana)

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