(continuação)
A morte do meu pai foi o
primeiro furacão que varreu a minha
vida, pois eu era o terceiro filho de uma série de dez irmãos, e a segunda
irmã, recém-formada em Letras, estava à procura de um emprego, quando tivemos
de correr atrás da própria sobrevivência, comigo no comando da família, conduzindo
mais sete irmãs e um irmão ainda adolescente.
Outro cataclismo me
aguardava no ano de 1994, quando perdi minha mãe e uma irmã, mortas quase na
porta de casa, quando voltavam de uma missa, causada por um irresponsável que
fez do seu veículo a máquina do crime.
Minha mãe, professora
primária no interior de Minas, não ganhava o suficiente para manter a própria
subsistência, por conta dos atrasos de vencimentos que duravam meses, sem
condições de nos ajudar nos estudos na Capital.
Antes da morte do meu pai,
havíamos alugado um pequeno apartamento em Belo Horizonte, num
edifício de baixa classe média, que foi a nossa salvação, pois serviu de abrigo
para toda a família. Era um apartamento de apenas um quarto, mas tão pleno de
amor e de dignidade, que nos sentíamos numa mansão.
Essa batalha não foi apenas
minha, mas também das minhas irmãs mais velhas, Maria Regina, Maria Helena e
Maria das Graças, que foram comigo à luta, dando aulas na periferia de Belo
Horizonte para ajudar no sustento da casa e dos irmãos menores.
A minha irmã caçula, Maria
da Conceição, hoje uma advogada trabalhista na capital mineira, tinha, então,
apenas cinco anos; e sequer teve a oportunidade de conhecer bem o pai.
(continua na próxima semana)
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Trecho do livro "OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO" (Geração Editorial), encontrável nas livrarias SARAIVA e TRAVESSA, e também em www.livrariasaraiva.com.br, www.travessa.com.br, www.estantevirtual.com.br, e nas melhores livrarias do País.
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