(continuação)
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(...) Perguntei
pelo mandado de prisão, e ele respondeu que havia um mandado, mas que ele não o
tinha trazido, mas que mesmo assim eu tinha que acompanhá-lo. Chamei as pessoas
que acompanhavam a diligência, como a síndica do prédio, meu motorista, a nossa
empregada e a minha mulher, e lhes disse que eu estava sendo preso. Tentei
fazer esse delegado entender que na minha carteira profissional de
desembargador estava escrito que, se eu fosse preso, deveria ser apresentado ao
presidente do Tribunal, mas ele me disse que o que estava fazendo era por
determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal e que era “operacional”,
pelo que nada tinha a ver com as prerrogativas da minha função, que vi nesse
momento serem mandadas para o espaço.
Enquanto se
desenrolavam as diligências de busca e apreensão, a Rede Globo de Televisão colocou
seu jornal no ar em regime de plantão, noticiando que eu havia sido preso
juntamente com outros vinte e cinco investigados numa operação realizada pela
Polícia Federal e batizada de Hurricane ou Furacão, e levado para a carceragem
no centro do Rio.
Neste
momento, eu estava ainda em casa, comandando a Polícia Federal na busca e
apreensão na minha casa, embora mais tarde, com a cópia do mandado de prisão
nas mãos, que me foi mostrado já na carceragem, tomei conhecimento de que a
minha prisão temporária tinha sido decretada para que eu não interferisse
nessas buscas que ali seriam feitas.
Já na
carceragem da Polícia Federal, encontrei-me com o meu genro e com o
desembargador Ricardo Regueira, o que me deixou ainda mais surpreso, porque o
desembargador já havia sido vítima de uma operação da Polícia Federal, por
conta de suposições, cujo processo instaurado no Superior Tribunal de Justiça
tinha sido anulado e arquivado pelo Supremo Tribunal Federal com voto condutor
do mesmo ministro Cezar Peluso que mandara prendê-lo de novo como integrante agora
de uma quadrilha de bingos.
Sem saber
do que era acusado, fui mantido na carceragem da Polícia Federal, sem comer e
beber nada e num calor infernal, tendo sido colocado numa sala onde se
encontravam todos os demais presos na operação, como que a me exibir como
troféu aos donos dos bingos para desmoralizar-me perante todos. (...)
(continua na próxima semana)
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Trecho do
livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável,
inclusive na versão e-book, nas livrarias SARAIVA e TRAVESSA, e em www.livrarias.saraiva.com.br, www.travessa.com.br, www.livrariacultura.com.br e
também em www.estantevirtual.com.br,
www.bondfaro.com.br e em outras
livrarias do País.
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