"O furacão Hurricane só aconteceu na minha vida porque fui levado a julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, por conta de estar um ministro de um tribunal superior envolvido pelos mesmos ventos, que tem como órgão julgador aquela Corte; porque se eu tivesse sido mantido no meu juízo natural, que é o Superior Tribunal de Justiça, nada disso teria acontecido, como não aconteceu na operação Têmis, que varreu o Tribunal Federal de São Paulo, em que o ministro Felix Fischer autorizou buscas e apreensões, mas não mandou prender nin-guém.
Aliás, se tivesse eu podido escolher, teria preferido ser preso por um policial, porque o meu infortúnio resultou justo do fato de ter sido eu preso por determinação de um ministro do Supremo Tribunal Federal que todos consideram infalível; mas que o Criador sabe que não é; e ele próprio também sabe.
A partir daí, pouco importa que eu seja absolvido, porque os estragos que essa maldita prisão temporária tinha que fazer na minha vida já fez; tendo eu me mantido de pé, porque preciso continuar vivo para provar toda essa maquinação contra mim, para não morrer como culpado, com o Supremo Tribunal Federal declarando extinta a punibilidade pela morte, com o arquivamento do meu processo.
Certa vez, li uma carta de um juiz federal, solidarizando-se com um colega preso por agentes do CORE – Coordenadoria de Recursos Especiais do Rio de Janeiro, dizendo não concordar com a omissão da Associação dos Juízes Federais, na época presidida pelo juiz federal Fernando Mattos da seção judiciária do Rio de Janeiro.
Nessa carta, dizia o juiz que não conhecia as provas em que eu, Carreira Alvim, era réu nem, as do processo em que o juiz preso pelo CORE foi vítima, e que nem lhe cabia tecer comentários sobre o mérito das duas causas, restringindo-se a sua manifestação sobre o comportamento da Associação na defesa das prerrogativas da magistratura. Disse o missivista que sabia que eu era uma pessoa educada e que não era violento, mas mesmo assim fui algemado pela Polícia Federal após deixar o cargo de vice-presidente do Tribunal, que ocupei por dois anos. Diz ainda ter assistido pela televisão eu algemado, como se fosse uma pessoa extremamente violenta, pelo que a Associação deveria se manifestar com a mesma veemência na defesa de todos os associados nas questões ligadas às prerrogativas da magistratura. Disse também que sendo eu um associado da Associação e ainda não condenado merecia também o direito ao mesmo tratamento dos demais associados, esperando o missivista que, caso seja humilhado algum dia em decorrência da profissão de juiz, a Associação não fique omissa e use todos os meios para a defesa da magistratura federal.
(continua na próxima semana)Aliás, se tivesse eu podido escolher, teria preferido ser preso por um policial, porque o meu infortúnio resultou justo do fato de ter sido eu preso por determinação de um ministro do Supremo Tribunal Federal que todos consideram infalível; mas que o Criador sabe que não é; e ele próprio também sabe.
A partir daí, pouco importa que eu seja absolvido, porque os estragos que essa maldita prisão temporária tinha que fazer na minha vida já fez; tendo eu me mantido de pé, porque preciso continuar vivo para provar toda essa maquinação contra mim, para não morrer como culpado, com o Supremo Tribunal Federal declarando extinta a punibilidade pela morte, com o arquivamento do meu processo.
Certa vez, li uma carta de um juiz federal, solidarizando-se com um colega preso por agentes do CORE – Coordenadoria de Recursos Especiais do Rio de Janeiro, dizendo não concordar com a omissão da Associação dos Juízes Federais, na época presidida pelo juiz federal Fernando Mattos da seção judiciária do Rio de Janeiro.
Nessa carta, dizia o juiz que não conhecia as provas em que eu, Carreira Alvim, era réu nem, as do processo em que o juiz preso pelo CORE foi vítima, e que nem lhe cabia tecer comentários sobre o mérito das duas causas, restringindo-se a sua manifestação sobre o comportamento da Associação na defesa das prerrogativas da magistratura. Disse o missivista que sabia que eu era uma pessoa educada e que não era violento, mas mesmo assim fui algemado pela Polícia Federal após deixar o cargo de vice-presidente do Tribunal, que ocupei por dois anos. Diz ainda ter assistido pela televisão eu algemado, como se fosse uma pessoa extremamente violenta, pelo que a Associação deveria se manifestar com a mesma veemência na defesa de todos os associados nas questões ligadas às prerrogativas da magistratura. Disse também que sendo eu um associado da Associação e ainda não condenado merecia também o direito ao mesmo tratamento dos demais associados, esperando o missivista que, caso seja humilhado algum dia em decorrência da profissão de juiz, a Associação não fique omissa e use todos os meios para a defesa da magistratura federal.
(Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável em www.bondfaro.com.br).
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